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terça-feira, 19 de agosto de 2008

Folclore Brasileiro "marcas da cultura de um povo": O Negrinho do Pastoreio


de João Simões Lopes Neto


Lá nos pampas do Rio Grande do Sul, vivia um estancieiro muito orgulhoso de suas posses e conhecido em toda região por sua avareza.

Doentio em sua gana pelo ouro, era incapaz de receber uma visita, de permitir que os sedentos tomassem das águas de suas terras, de tratar com dignidade aqueles que para si trabalhavam.

Esse avaro só tinho olhos para três coisas: seu filho, trilhando o caminho do pai nas vias de crueldade; um majestoso cavalo baio e um pequeno escravo, ainda menino, negro como carvão. Ele nem nome tinha mas era conhecido como Negrinho. Negrinho não tinha padrinhos, dizia-se afilhado da Virgem Nossa Senhora, madrinha de quem não tem madrinha...

Certo dia o avarento foi desafiado por um vizinho a provar, em uma corrida, que seu garboso baio era realmente veloz. O desafio assanhou o povo. Muitos viram a oportunidade de saborear o fracasso do avarento e acorreram ao local. Quem havia de montar o baio era o Negrinho, por ordem do estancieiro, mas parece que a torcida contra o avarento foi mais forte, porque no finalzinho da corrida o baio vacilou e perdeu o desafio. Aquilo era demais para o orgulho do avaro e o castigo caiu sobre o Negrinho.

Amarrado a um poste e surrado com um relho, o Negrinho ouviu chorando sua condenação. Haveria de passar trinta dias sozinho, pastoreando trinta cavalos. Noite, frio, sol e chuva, e o Negrinho ali. Cansado e ferido pelas lambidas do relho, com fome e desamparo, o Negrinho adormeceu. Acordou sobressaltado, com o ruído do tropel dos cavalos que ladrões estavam levando embora. O Negrinho perdera o pastoreio e desandou a chorar. Piorando a desdita, surgiu o filho do estancieiro que correu a contar ao pai que o menino havia perdido os cavalos.

Novo castigo, outra vez no poste, outra vez sobre o relho e a ordem severa e impiedosa, de procurar o que perdera. Recorrendo a sua madrinha santa, o Negrinho muniu-se de uma vela do oratório da casa e partiu em busca dos cavalos roubados. Enquanto andava, a cera da vela derretida pingava pelo chão, fazendo brotar em cada pingo um facho de luz, quebrando o profundo breu que cobria os pampas. Andou, procurou, que acabou por encontrar. Montado no baio levou a tropa para casa. Embalado pela felicidade, mas atormentado pela dor e cansaço, próximo à estância, o Negrinho recostou-se num cupinzeiro e adormeceu. Pois foi então que surgiu o filho do estancieiro e espantou a tropilha. Disparada! Cada um para seu lado! E o pobre Negrinho, sonolento, mal acordado, nada pôde fazer.

Novo castigo. Novamente ao poste, novamente ao relho e dessa vez, o estancieiro mandou lanharem ele até que o menino parasse de chorar. A surra foi tanta que o Negrinho desmaiou e o cruel homem, acreditando que ele havia morrido, mandou jogarem a carcaça dele num formigueiro para que as formigas dessem cabo de sua carne até os ossos. Três dias e três noites se passaram e o estancieiro, querendo ver o resultado de sua crueldade, foi ao formigueiro. Qual não foi sua surpresa ao deparar, onde esperava encontrar uma ossada alva, com o Negrinho. De pé, sobre o formigueiro, estava o menino tirando de sobre o corpo as formigas, sem nenhuma marca do chicote e ainda acompanhado. De um lado o cavalo baio e a tropilha perdida e do outro, A Virgem Nossa Senhora velando pelo seu afilhado. Apavorado, o homem caiu de joelhos diante do Negrinho. E o menino escravo montou no baio e disparou pelos pampas, pastoreando a tropilha. Desde então, multiplicam-se os testemunhos dos peões e viajantes que encontraram até hoje, o Negrinho tocando sua tropilha. Todos os anos durante 3 dias o Negrinho recolhe-se em algum formigueiro, em visita às formigas, suas amigas e os cavalos de sua tropilha esparramam-se pelas manadas das estâncias, para serem reunidos ao nascer do sol do terceiro dia. É nessa hora que acontecem as disparadas das manadas.

Dizem que quem perder alguma coisa, deve acender uma vela a Virgem Nossa Senhora que o Negrinho encontra o que se perdeu e coloca-o de forma a ser encontrado. E que se ele não encontrar, ninguém mais encontrará.

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