Em todo percurso, reinaria um silêncio mortal, se não fosse por Marcos tagarelando sobre as belezas agrestes da Cornualha. Cavalgando ao lado do rei, Isolda buscava, com seus olhos aflitos, os olhos de Tristão para obter algum alento; alguma força para suportar o que estava por vir.
Tristão preferiu retardar-se um pouco e cavalgar atrás do cortejo, uma vez que estava muito perturbado. Dinas seguia ao lado dele e tentava persuadi-lo a não perder as esperanças e reverter a situação.
— Ainda dá para ambos fugirem, Tristão!
—É tarde demais — sentencia ele desanimado.
— Nunca é tarde!
— Não percebeste, Dinas, o quanto meu tio está feliz? Parece um jovem de 20 anos... Nunca o vi assim!
— E o amor de ambos? Como fica? Eu não me conformo com esta resignação.
— Querendo ou não, eu tenho uma dívida incalculável para com este homem... Eu não posso fugir agora, com Isolda, e apunhalá-lo com tamanho desgosto!
— Oh, céus! Se há uma coisa em ti que eu desprezo e esta tua teimosia!
— Eu nasci teimoso e vou morrer teimoso — retruca ele.
— E o meu medo é justamente este — fala Dinas. — Meu medo é esta teimosia toda, levá-lo a um abismo sem fim!
— Talvez Sir Gawain tenha razão, quando diz que nasci sob má estrela... — desabafa ele de forma irônica.
— Ora! Faça-me o favor! Pare de dizer asneiras, homem! Sofrerás porque tu queres, não culpes o destino e nem qualquer estrela por tua insensatez! — replica-lhe o amigo.
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