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domingo, 26 de abril de 2009

O Cavaleiro de Cristo-capítulo 3

foto: Basílica de São Francisco em Assis, onde o santo e seus primeiros companheiros estão sepultados.
Os dias quentes e primaveris corriam tranqüilos. Francisco, com a melhora considerável de sua saúde passou a freqüentar com mais assiduidade, as festas da cidade, as serenatas e rodas de poesia.
Vivia bem humorado e não recusava uma nova dança, ou um bom copo de vinho.
Numa destas noites, reuniu-se com os amigos numa taverna e lá, pagou todas as rodadas de vinho. Ao final da noite, saíram todos cambaleantes; e com aquela alegria, temporária e fútil, que o álcool proporciona, fizeram várias serenatas pela cidade sob as janelas das mais belas de Assis. Nem Clara escapou.
Ela já estava recolhida, quando ouviu aquela fanfarra imensa sob sua janela. Ignês abria a janela; Clara fechava-a e numa destas, viu que na roda de seresteiros, para sua surpresa, estava seu noivo, cantando para ela, junto com seu primo Leão. Ele sentira, na noite do noivado, que Clara não tinha o mínimo de interesse por ele e apaixonado, queria conquistá-la, agradando-a. Só que o efeito foi contrário, a atitude lhe desagradou profundamente.
— Que romântico! — exclamou Ignês eufórica. — Ele te ama tanto, Clara... Por que não vens até a janela?
Clara estava se moendo de raiva por dentro e recusava-se a fazê-lo; até que teve uma boa idéia. Encheu a bacia de seu quarto com água, usada para lavagem de mãos e rosto pela manhã.
O noivo de Clara era tão desafinado, ainda mais bêbado, que Francisco assumiu o canto.
— Deste jeito vais assustá-la! Aprenda (‘hic’) com um profissional, olha só... — reclamou ele, que sempre teve um bom ouvido e uma voz bem afinada.
Só que Francisco nem teve tempo de começar...
CLARA, NÃO FAZ ISSO!!!
Ignês gritou tarde demais. Clara já havia despejado toda água em cima dos seresteiros, atingindo Francisco em cheio.
EI!!!!!!! TÁ FRIA!!!!!! Sua louca!!!!! — gritou ele, ao receber o impacto da água.
A gargalhada foi geral entre os seus amigos e quem passava na hora.
Em casa, Joana tentava contornar a situação acalmando o furioso Pedro de Bernardone:
ISSO JÁ PASSA DOS LIMITES! O que ele quer? Ver-me falido?!
— Ora, Pedro... não exagere! É apenas uma fase da idade!
O quê?! — espanta-se Dom Bernardone — Um absurdo destes e chamais, apenas, de uma fase da idade?
— Pedro, tente compreender o menino... Imagina o que o pobrezinho não sofreu na prisão? Farias o mesmo no lugar dele...
— Nunca! Jamais exploraria meu pai com meus caprichos. Ao invés de me ajudar na loja, tornou-se, agora, o meu maior freguês! E o que é pior, pois não me paga um tostão! Oh, veja a que ponto ele chegou? “Rei das festas”! Foi aclamado “rei das festas”!
— Devias agradecer a Francisco, por tua freguesia aumentar a cada dia! — defende Joana.
— Oh, aumentou! Como aumentou! — ironiza o marido. — Mas ele gasta mais do que eu ganho em um dia...
Barulhos à entrada...
— Hã? O que significa isso?! — indaga Bernardone ao ver em que estado encontrava-se o filho.
Francisco chegara nesta hora e estava completamente bêbado e molhado.
— Oh, Deus! Francisco! — reclama a mãe.
Francisco entra cambaleante e cantando.
— Ò, formosura sem falhas (‘hic’)... que nunca um homem (’hic’) viu tanto... (‘hic’) para meu mal e meu quebranto... há! há! há! (‘hic’) Oi! Tudo bem? (‘hic’) ai! Ugf! há! há! há! Tomei um banho!!!! Foi muito engraçado... (‘hic’)
Francisco soltava altas gargalhadas, o que deixou seu pai ainda mais enfurecido.
— Francisco meu querido... — disse-lhe sua mãe penalizada. — Olha o teu estado!
— Eu estou ótimo! (‘hic’) Estou feliz! Ó... psiu! — diz ele levando o dedo aos lábios. —Vem cá... amanhã a ressaca vai me matar... Há! Há! Há! Há! Há!
Neste instante, Bernardone estourou! Ele já havia se segurado demais.
Onde estiveste até agora? Já passam de três horas da manhã! Exijo uma explicação?
— Calma Pedro... — fala a esposa, tentando contornar a situação.
CALMA?!!! NOSSO FILHO CHEGA DANDO UM VEXAME DESTES? E TU AINDA ME PEDES CALMA?!
— Ora! (‘hic’) Era só o que me faltava... — fala Francisco desafiador. — O que queres? Controlar minha vida? Cuide o senhor dos vossos afazeres e deixe-me com os meus pesares!!!
Pedro dá-lhe um violento tapa pela afronta.
NÃO! Pedro, deixe-o por favor!!!
Pedro pega seu chicote feito de cordas, para aplicar-lhe um violento corretivo, porém, Joana coloca-se à frente do filho.
SAIA DA FRENTE, JOANA!!!! — fala ofegante o irado comerciante.
Não! Não permitirei! Não achas que já bateste nele o suficiente? Queres humilhá-lo ainda mais?
— Saia da frente, mulher... Não faças eu perder a cabeça contigo também! — diz ele entre os dentes.
— Não sairei! Se quiseres bater nele, terás que bater em mim primeiro! ANDA! — grita ela desafiadora, agarrando-se ao filho. — O que estás esperando? Bata e mata nós dois de uma vez!
— Mulher traiçoeira! — xinga Pedro. — Ele está assim por tua culpa! Sempre o mimaste demais, sua desgraçada!
Ângelo acordara com a gritaria e desce as escadas para ver o que se passava.
Mãe! Pai! O que está havendo?
Saias tu daqui também, garoto intrometido!!! — grita o pai. — Não me faças perder a cabeça contigo! Voltes para teu quarto!!!!
Ângelo, ao ver o estado alterado do pai, nem contestou; subiu imediatamente, antes que sobrasse algumas farpas pra ele.
Língüa infame! — fala a Francisco. — Lábios “polutus”! Desrespeitaste o 4º mandamento, desonrando-nos desta maneira, e a tola da tua mãe ainda te defende!
Pára, Pedro! — pede Joana às lágrimas. — Ele não está em condições de ouvir sermões agora. Deixe-o subir para o quarto e amanhã poderás falar com ele.
Pois leve este biltre daqui! Afaste-o de minha presença, pois tão cedo não quero vê-lo!
— Vamos, Francisco. Vem comigo. Depressa, filho...
Joana leva-o para o quarto e cuida primeiro de sua bebedeira.
A bofetada que levara de seu pai, arrancou-lhe um pouco de sangue do canto dos lábios.
— Ai, mãe! Cuidado!
Joana, ainda chorando, pedia-lhe que procurasse criar juízo e não mais desrespeitasse seu pai.
— Meu filho, passaste do limite! Sabes que teu pai é um homem violento e que um dia acabará matando-o, por que insistes em afrontá-lo?
— Ele me irrita com aquela prepotência toda!
— Meu querido Francisco... Não sejas mais tão rude e desobediente com teu pai. Por mim...
Francisco olha nos olhos doces de sua mãe e vendo-os úmidos de desgosto, comoveu-se também. Ambos se abraçaram e assim, compartilharam as lágrimas por um bom tempo.
— Mãe querida... Perdoe-me... — implora ele. — Não gosto de ver-te chorando... És a única que me entende nesta casa e que de fato me ama...
— Não, meu querido... Teu pai também te ama e só quer o teu bem.
— Duvido...
— Ama do jeito dele, mas te ama. Só tu não consegues perceber, por teres um comportamento oposto ao dele. És muito doce, meu filho...
— Minha mãe... eu te amo!
Dona Joana abraça-o e beija-o na testa e permaneceram unidos naquele abraço cálido, onde Francisco encontrou repouso e adormeceu.
Acariciando de leve a cabeça do filho, disse ela num leve murmúrio.
— Também te amo, filhinho querido...
continua...

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